Conheci o projeto de viagem do colombiano Juan Montoya primeiramente pelo Fórum Viajando en Vespa, quando participou no Uruguai de um encontro com vespistas locais e argentinos. Ele partiu do norte da Colômbia para dar a volta pela América do Sul a bordo de sua Vespa PX150 1996. O Juan saiu de sua cidade natal com um ideal na cabeça, a namorada na garupa e US$ 500,00 no bolso. Tempos depois a namorada teve que regressar para a faculdade e ele seguiu sozinho. Corajoso este rapaz, que conta sempre com os moradores locais para lhe ajudarem a prosseguir, inclusive indicando rotas, pois ele sequer usa mapas. Fé nas pessoas; essa para mim foi a primeira mensagem positiva que o Juan me passou com sua empreitada.

Início de setembro, a expectativa do Curitiba em Vespa 2010 já fervilhava em todos os que pretendiam participar e ouvi do Jack que o tal colombiano estaria conosco. A essa altura já se iam uns seis países percorridos por ele, mas fiquei na dúvida se estaria na capital paranaense a tempo de participar do evento. No entanto, sábado dia 4 de setembro lá estava ele na Praça da Espanha. Todos queriam tirar foto com a celebridade e participantes do encontro lhe ofereceram a própria casa para sua estada em Curitiba. Elaborou por lá umas camisetas muito bacanas, que eu inclusive quero comprar, a R$ 30,00 cada uma, para ajudar no custeio da jornada (só não as tenho ainda pelo sumiço do Juan).

Daí em diante perdi o contato com ele, o seu blog Sur Sueño Vespa não é atualizado faz um bom tempo (ele mesmo me disse que não estava dando conta de dar upload em fotos e textos) e pelo e-mail também não está fácil saber das novas. Mais atualizado está seu fantástico álbum de fotos no Picasa, mas mesmo esse parou em Curitiba.

Sei que ele pretendia dar uma esticada até Foz do Iguaçu para poder adicionar o Paraguai à sua lista de países visitados, mas me deu a previsão de estar no Rio de Janeiro em meados de outubro. Tomara que ele dê notícias e possamos rodar juntos pela cidade maravilhosa. Faço aqui também um apelo aos que leem o blog que possam auxilia-lo de alguma maneira nos estados brasileiros rumo ao norte, seja comprando suas camisetas e postais, presenteando-o com um pneu 3.50/10 ou ainda oferecendo algum lugar para os pernoites. Quem quiser o e-mail dele, por favor deixe seu contato nos comentários. Agora só falta o caro colombiano reaparecer, que esteja se aventurando bastante!

[Foto 1: Juan Montoya]

Assim como no post anterior sobre prospectos da Motovespa do Brasil, aqui também é apresentada a Vespa PX200E de 1985-1986, ainda a primeira versão da PX produzida em nosso país, antes da partida elétrica. Uma das minhas surpresas na descrição é o porta-luvas de nada menos que 25 litros de capacidade; realmente com jeitinho entram várias caixas de leite longa vida, como dizia o ex dono na minha PX. Surpreende também a disponibilidade de apenas quatro cores, se bem que pela publicidade ela seria apenas vermelha, da cor do pecado, nada menos picante que o mote "Senta aqui". Até a fonte do título Vespa é bem mais sexy que o habitual, quase como se uma mulher tivesse escrito com batom no espelho do banheiro.

O caro amigo petropolitano Zé Varanda me enviou a imagem do impresso abaixo que, apresentando o  verso exatamente igual ao do prospecto acima, imagino ser da mesma época. Ao contrário do anúncio canastrão do topo, a Vespa de baixo é branca e o texto joga muito mais com a racionalidade do enfrentamento do trânsito. Os publicitários contratados da Motovespa do Brasil tinham que fazer gol com as duas pernas,  seja  no apelo emocional das sensações - quase luxúria - ou no alívio da rotina de ir e voltar do trabalho.  Não sei se foi de direita ou de canhota, mas deu certo na época e 1986 foi um ano de ouro para a PX200 no Brasil.

O Daniel Amadio, de São Paulo, também é blogueiro e no Lambrettas & Fuscas vai nos colocando a par das restaurações de seu VW Fusca 1973 e de sua Lambretta Li 1967. Ele começou no universo das scooters clássicas de uma forma um tanto pitoresca, na troca de um notebook por uma Lambretta MS 1973, popularmente conhecida como "mini saia". Ao procurar uma oficina especializada para fazer a mecânica da MS, ele acabou entrando em outra permuta e, pagando uma razoável diferença, acabou voltando para casa com a Li da foto acima. 

A Lambretta está na fila atrás da restauração em andamento do Fusca para receber emblemas e outros itens originais, mas roda perfeitamente aos finais de semana pela vizinhança. Uma vez que o Daniel não arrisca um passeio mais longo enquanto a documentação não estiver toda regularizada. Sucesso nas duas restaurações ao jovem antigomobilista!

► Participe da seção Feliz Proprietário, enviando uma foto com sua motoneta para ser publicada no blog. Entre no meu perfil e envie um e-mail com a imagem e algumas palavras sobre você e sua motoneta.

Como tirei poucas fotos e quase todas com as Vespas e Lambrettas estacionadas, aqui vai um complemento necessário: vídeos! Em primeiro lugar está a matéria que a TV Educativa do Paraná fez conosco no primeiro dia do evento, sábado, na Praça da Espanha (perdoem a heresia do repórter ao indicar a criação da Vespa uma década antes da realidade, o rapaz estava numa correria danada). Eu apareço rapidamente, fui entrevistado apenaxxxxx purrrrr meu sotaque carioca, para marcar que o encontro era interestadual, coisas da mídia...

Seguem abaixo outros vídeos que encontrei no Youtube. Autores por favor se manifestem nos comentários.

Agora é esperar a divulgação do documentário que a Carol Mussoi e seu namorado gravaram conosco como o trabalho de conclusão de curso dela. Da minha parte será nota máxima e com louvor!

Não escutei o conselho materno no segundo dia do Curitiba em Vespa 2010 e não usei protetor solar. "Sol curitibano no inverno não queima", pensava eu com meus botões... Mãe é que sabe destas coisas, mas como não obedeci, queimei tanto o rosto que perdi o passeio do terceiro dia do evento, da ida para Morretes. Por conta disso não me despedi dos paulistas e dos gaúchos, um fiasco.

O Jack Cavalari, gente finíssima que me emprestou a PX200 bordô, encasquetou que eu não podia deixar de ir à Morretes de Vespa e insistiu no assunto. Pois dito e feito, sábado 11 de setembro (nada a ver com o WTC) fui até a casa dele, onde aprendia na marra a trocar o cabo do afogador da PX. Um bom tempo se passou até ele resolver seus assuntos e, para além de 15:30h, partimos em direção a Estrada da Graciosa. Era óbvio que voltaríamos na noite escura depois de comermos o Barreado em Morretes, mas por dentro eu me enganava não querendo acreditar no tempero extra a primeira vez que pegaria estrada de Vespa.

São 74 km entre Curitiba e Morretes, sendo 30 destes pela bela e sinuosa Graciosa. Só para chegar ao portal da estrada histórica, já fui sendo inadvertidamente iniciado entre as carretas e caminhões na BR116, a Rodovia Régis Bittencourt. Para minha surpresa a PX200 com para-brisa não balança tanto assim com o fluxo de veículos pesados, mas é certo que não havia vento forte. A descida foi tranquila, contemplada por um dia praticamente de verão. Neste sol fiz uso de um lenço de motoqueiro, pois o nariz já tinha dado toda a cota de cozimento imaginável pelos próximos tempos.

Sem ainda ter almoçado, chegamos a Morretes depois das 17:00h com aptidão ao devoramento de pedras. Precisamos ainda das habilidades de persuasão do Jack para convencer o pessoal do Hotel Restaurante Nhundiaquara a nos servir fora do horário algumas porções do melhor Barreado da cidade. Destaque para a simpática equipe do restaurante e para o tradicional panelão selado com barro que dá nome ao prato.

Fizemos uma deliciosa refeição à beira do Rio Nhundiaquara e foi caindo a noite. Demos uma passeada pela cidade e fomos abastecer para o retorno. Não há mais fotos depois disso, mas é aí que começa a aventura.

Não me dei conta em Curitiba que seria uma boa ideia o Jack retirar o para-brisa da PX bordô que eu estava pilotando. Como ele está instalado um pouco a frente do farol, a bolha plástica se ilumina por completo a noite como uma árvore de natal, prejudicando consideravelmente a visibilidade. Senti uma vontade danada de sugerir ao Jack "pousarmos" em Morretes, mas ele é pai de família e tinha que voltar pra casa, fiquei quieto e segui a sua luz em meio ao breu da mata fechada. Depois de uns vinte minutos de subida eis que me sinto dentro do vídeo clipe de Thriller - em especial na parte onde os mortos ressuscitam. Deixe-me explicar. A neblina veio recobrindo a pista e em poucas centenas de metros acabou por completo com a visibilidade.

Buzinava repetidamente para o Jack diminuir a velocidade, pois ele era meu único guia enquanto seguíamos junto a faixa amarela. Torcia para apenas subirmos, pois quando ele freava eu só enxergava um clarão vermelho e zero de estrada. Some a isso o fatídico para-brisas sujo e embaçado; tem-se uma bela aventura de Vespa, uns três metros de parca visibilidade e nada mais, ainda bem que não cruzei o caminho de nenhum buraco.  Daí em diante pilotei uma boa parte da Graciosa e da BR116 com a cabeça para fora do acrílico e, além do torcicolo, retornamos sãos e salvos a Curitiba. E que venha a próxima estrada!

Demorei a escrever novamente sobre este grande evento pois, mesmo incorrendo no clichê, me faltaram palavras. Ainda assim alguns dias depois não consigo descrever objetivamente o que aconteceu na capital paranaense. Trata-se de um sonho realizado para quem quase sempre roda sozinho no Rio. A primeira caravana fumacenta a gente nunca esquece. Ainda mais quando se está distraído com o passeio e o som de uma Lambretta Li ultrapassando consegue melhorar a paisagem que já é bastante bela. Curitiba tornou-se uma cidade mais alegre nestes três dias.

Entre idas e vindas compareceram mais de 45 Vespas e Lambrettas, unindo diversos clubes do sul e do sudeste no maior encontro interestadual do gênero que se tem notícia em décadas no Brasil. Um primeiro grande passo foi dado: excelentes lideranças, acúmulo de experiências para a organização, desmistificação de pegar estrada e a valorização dos clubes. Todos voltaram a suas localidades com o gostinho do próximo e faço votos que ele ocorra em breve. Os gaúchos já começaram a mobilização, prometo notícias em primeira mão aqui no Motonetas e Afins.

Um gaúcho radicado há 20 anos na Alemanha, Rolf Adam, veio nos contar que o Brasil tem um Vespa Clube registrado na Europa faz quase dez anos. Ele não se conformava em inscrever-se nos encontros do velho continente sem poder ostentar a bandeira brasileira e assim, - com mais amor do que razão - fundou em 2001 o Vespa Clube do Brasil. Recebeu o apoio da maioria absoluta dos presentes no último sábado e espero ver este emblema circulando em nosso país o antes possível. Tinha me prometido que os escudos de minhas Vespas ficariam imaculados até a refundação do Vespa Clube do Rio de Janeiro, mas com a perspectiva de uma entidade nacional a coisa mudou bastante de figura. Rolf, é hora de filiar os clubes brasileiros, assim a coisa ganha vida fora da Alemanha!

O saldo do Curitiba em Vespa 2010 para mim? Seja onde for não estou só ao rodar de Vespa, finalmente sou um entre muitos. Comungando de uma paixão que abre portas através de fronteiras, como testemunhou o colombiano Juan Montoya, afirmando que seus oito meses de estrada não seriam possíveis se seu veículo não fosse uma Vespa. A mística da motoneta clássica lhe confere nas pessoas uma empatia quase automática. E é verdade, até hoje só conheci boa gente andando de Vespa e de Lambretta. Celebramos a alegria de viver rodando em algo que tem a capacidade de abrir sorrisos por onde passa.

Primeiro dia do evento, chegada de gaúchos, catarinenses e paulistas; agora estão todos entre nós congregando em uníssono numa sinfonia 2T. Vespas e Lambrettas convivem harmoniosamente neste encontro de motonetas clássicas numa grande nuvem de fumaça azul - pode acreditar, quando sai a caravana sobe como névoa o óleo pelo ar. Além dos brasileiros tivemos a grata surpresa da chegada de Juan Montoya, colombiano que está percorrendo toda a América do Sul numa Vespa PX150, até aqui já foram cerca de 12.000 km de aventuras segundo ele. Reunimo-nos todos na Praça da Espanha e [foto abaixo] depois no Largo da Ordem [foto acima].

Da minha parte, um dia de grandes novidades: fui de carona pela primeira vez numa Lambretta Li e também na celebridade de 3 rodas, o Tuk tuk Bajaj (Vespacar) do Jack. Chegamos a ponto de nós dois dividirmos a cabine do triciclo também com seu filho pequeno, num rali urbano de curvas e ladeiras ao bom estilo "com emoção" - simplesmente inesquecível. Para coroar o bom início do evento ainda estou com uma PX200 alugada do Jack [a vermelha em primeiro plano na foto]. Meus parabéns a todos os que enfrentaram bravamente os contratempos das jornadas até a capital paranaense, descansem bem que domingo será um dia cheio de passeios!

Apenas uma rápida nota para dizer que tive o prazer de conhecer pessoalmente o Jack de Curitiba, que muito gentilmente me emprestou uma de suas Vespas para irmos juntos ao encontro semanal do Pinheirão. Por lá conheci ao vivo o Coca, Ito, Luis, Pedro e tantos outros. Fui muito bem recebido por todos, começou o Curitiba em Vespa!

Por conta da indicação do Jack para uma carona até sua casa, conheci também o Victor, proprietário da famosa loja Motos Antigas, onde tive a sorte de ter uma visita guiada, com direito até a parte de confecção de peças. Na casa do Jack é fácil perceber porque ele é sempre referência no tema motonetas na capital paranaense, a sua coleção de Vespas e Lambrettas é numerosa e interessante, contando inclusive com um tuk tuk da Bajaj.

Soube que o único outro carioca (ou seria fluminense?) presente no evento, J. Varanda, já está aqui na cidade, mas preferiu ficar descansando no hotel e baixar só amanhã a Vespa da picape. No dia 4 pela tarde pretendo ir receber o pessoal no hotel Formule 1, só tomara que não cheguem muito tarde e que façam uma excelente jornada até Curitiba.

Estou de partida amanhã para Curitiba em nova visita familiar, é certo, mas em bom tempo de poder participar do Curitiba em Vespa 2010. Não me contive ao ver as imagens dos últimos grandes encontros europeus, todos com sua respectiva faixa oficial, tradição que ganhou automaticamente a  minha admiração. Se tão histórico será reunir gente do PR, RS, SC, SP e RJ rodando exclusivamente em motonetas clássicas, por que justo este evento não teria a sua faixa?

Como estarei lá sem Vespa, pois não houve recursos para o traslado de quase 900 km, aproveitei a confecção da faixa para amenizar o aspecto um tanto insólito da minha presença entre os participantes. São 25 ao todo e serão vendidas aos interessados pelo preço de custo, juntamente com 3 m de cordinha para amarrar. A minha, da foto acima, pretendo que seja assinada por todos os que aparecerem de motoneta, uma recordação que ganha sentido com o passar do tempo.

O caro vespista português Vasco Silva, do blog Offramp, me passou as medidas da faixa oficial do Vespa World Days 2010 (55 x 16 cm) e me alertou para o quão ingrata é a tarefa de amarrar esta tripa de lona plástica numa PX. Em testes aqui na garagem de casa cheguei a dois métodos diferentes de amarração: o em X e o que passa por baixo do porta-luvas. Ambos não me inspiraram grande confiança, mas se os europeus conseguem, nós sulamericanos também!

Amarração em X.

Amarração passando por baixo do porta-luvas.

Por fim a "amarração com uso de técnicas mistas", foto do Vasco durante o Vespa World Days 2010 em Fátima , Portugal.