O meu batismo na estrada.

setembro 14, 2010


Não escutei o conselho materno no segundo dia do Curitiba em Vespa 2010 e não usei protetor solar. "Sol curitibano no inverno não queima", pensava eu com meus botões... Mãe é que sabe destas coisas, mas como não obedeci, queimei tanto o rosto que perdi o passeio do terceiro dia do evento, da ida para Morretes. Por conta disso não me despedi dos paulistas e dos gaúchos, um fiasco.

O Jack Cavalari, gente finíssima que me emprestou a PX200 bordô, encasquetou que eu não podia deixar de ir à Morretes de Vespa e insistiu no assunto. Pois dito e feito, sábado 11 de setembro (nada a ver com o WTC) fui até a casa dele, onde aprendia na marra a trocar o cabo do afogador da PX. Um bom tempo se passou até ele resolver seus assuntos e, para além de 15:30h, partimos em direção a Estrada da Graciosa. Era óbvio que voltaríamos na noite escura depois de comermos o Barreado em Morretes, mas por dentro eu me enganava não querendo acreditar no tempero extra a primeira vez que pegaria estrada de Vespa.



São 74 km entre Curitiba e Morretes, sendo 30 destes pela bela e sinuosa Graciosa. Só para chegar ao portal da estrada histórica, já fui sendo inadvertidamente iniciado entre as carretas e caminhões na BR116, a Rodovia Régis Bittencourt. Para minha surpresa a PX200 com para-brisa não balança tanto assim com o fluxo de veículos pesados, mas é certo que não havia vento forte. A descida foi tranquila, contemplada por um dia praticamente de verão. Neste sol fiz uso de um lenço de motoqueiro, pois o nariz já tinha dado toda a cota de cozimento imaginável pelos próximos tempos.

Sem ainda ter almoçado, chegamos a Morretes depois das 17:00h com aptidão ao devoramento de pedras. Precisamos ainda das habilidades de persuasão do Jack para convencer o pessoal do Hotel Restaurante Nhundiaquara a nos servir fora do horário algumas porções do melhor Barreado da cidade. Destaque para a simpática equipe do restaurante e para o tradicional panelão selado com barro que dá nome ao prato.




Fizemos uma deliciosa refeição à beira do Rio Nhundiaquara e foi caindo a noite. Demos uma passeada pela cidade e fomos abastecer para o retorno. Não há mais fotos depois disso, mas é aí que começa a aventura.



Não me dei conta em Curitiba que seria uma boa ideia o Jack retirar o para-brisa da PX bordô que eu estava pilotando. Como ele está instalado um pouco a frente do farol, a bolha plástica se ilumina por completo a noite como uma árvore de natal, prejudicando consideravelmente a visibilidade. Senti uma vontade danada de sugerir ao Jack "pousarmos" em Morretes, mas ele é pai de família e tinha que voltar pra casa, fiquei quieto e segui a sua luz em meio ao breu da mata fechada. Depois de uns vinte minutos de subida eis que me sinto dentro do vídeo clipe de Thriller - em especial na parte onde os mortos ressuscitam. Deixe-me explicar. A neblina veio recobrindo a pista e em poucas centenas de metros acabou por completo com a visibilidade.

Buzinava repetidamente para o Jack diminuir a velocidade, pois ele era meu único guia enquanto seguíamos junto a faixa amarela. Torcia para apenas subirmos, pois quando ele freava eu só enxergava um clarão vermelho e zero de estrada. Some a isso o fatídico para-brisas sujo e embaçado; tem-se uma bela aventura de Vespa, uns três metros de parca visibilidade e nada mais, ainda bem que não cruzei o caminho de nenhum buraco.  Daí em diante pilotei uma boa parte da Graciosa e da BR116 com a cabeça para fora do acrílico e, além do torcicolo, retornamos sãos e salvos a Curitiba. E que venha a próxima estrada!

Você também pode gostar

2 comentários

  1. Parabéns!

    No meu batismo de estrada teve um tombo na calada da noite, que não passou de um susto.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo batismo, estreiou em excelentes trechos, da BR à descida da Graciosa é um deleite scooterístico, se é q existe essa expressão hehehehe. abraço.

    ResponderExcluir

© 2010-2017 Leonardo Westphalen Dueñas