Bajaj: mitos e verdades.

abril 11, 2010


Ao sair com minha Bajaj Classic na rua (essa da imagem no topo do blog) é uma constante receber perguntas sobre a sua qualidade; algumas sinceras e outras um tanto maldosas. Há verdadeiras lendas urbanas no Brasil a respeito de motonetas Bajaj causando acidentes por peças que se soltam, como se elas se desmanchassem sozinhas. A verdade que venho constatando com o tempo é que a grande maioria das pessoas que passam adiante um mau conceito das motonetas Bajaj, na realidade nunca pilotou uma. Embora se trate de um quase clone da Vespa 150 Super, elas têm uma série de diferenças, tanto para se adequar às condições de uso na Índia, como para diferenciar-se do produto - e assim da patente - original Piaggio. Abaixo seguem alguns aspectos que considero positivos e outros negativos.

[+]:
  • Capacidade de carga. Os indianos instalaram no escudo um amplo porta-luvas, maior do que qualquer Vespa já teve, que se soma ainda ao da tampa lateral esquerda (igual ao da Vespa Super). Ela vem de fábrica com alças paralelas ao banco posicionadas entre o condutor e o carona, que são muito práticas para se prender redes e esticadores, uma conveniência extra para se levar volumes sobre o banco, que por sua vez é largo e bastante plano.
  • Magneto potente. A Bajaj deu uma força extra ao magneto da Classic, assim toda a sua parte de iluminação é muito intensa, meu mecânico recomenda inclusive que não se eleve demais o giro em ponto morto com as luzes acesas, pois elas podem se queimar. A outra vantagem desse magneto é a de uma centelha mais intensa, fazendo com que a Bajaj pegue com bastante facilidade mesmo após longos períodos sem uso. Lembrando que a Classic não possui bateria e só tem partida a pedal.
  • Engate suave. Até uma criança pode engatar as marchas da Bajaj Classic, tamanha a sua maciez. Muita gente pode torcer o nariz para essa característica, mas no trânsito urbano cansa-se muito menos a mão esquerda.
  • Ainda se encontram unidades 0 km no Brasil. Um lote de 1997 da AVA Industrial - que batizou em nosso mercado o modelo como "Avajet Classic" - ainda está sendo vendido no país. De vez em quando aparecem algumas unidades no MercadoLivre (ressaltando que as cores sólidas são repinturas recentes, as originais do lote restante são, pelo que sei, todas num tom azul escuro metálico).
  • Torque em baixas rotações. Seu torque em baixas rotações é animador para subir ladeiras e arrancar em sinais. É certo que essa configuração do câmbio sacrifica a velocidade final, que no manual é de 85 km/h, mas fornece uma condução agradável em vias urbanas, diferentemente da PX200 que constantemente cobra um giro mais alto.
[-]:
  • Peças de reposição. Apesar de haver uma quantidade razoável de itens intercambiáveis com a Vespa (rodas, amortecedores, biela, etc.) uma lanterna traseira da Bajaj Classic não se consegue nem de longe com a facilidade do que se encontra uma da PX200. Tenho contatos no Brasil para a obtenção de peças de reposição, mas me abasteço diretamente de um fornecedor na Índia, o que pode não estar ao alcance de todos. Vale lembrar que a Bajaj fabricou mais de 4 milhões de motonetas desse tipo (SARTI, p. 159), portanto o mercado de peças é desabastecido aqui no Brasil, mas na Índia, e em países próximos como Uruguai e Colômbia, há oferta de grande variedade de itens originais e paralelos.
  • Produto popular. Quem conhece as motocicletas Bajaj e produtos mais recentes, sabe que sua qualidade é em geral boa, mas a motoneta Classic foi concebida como um burro de carga para o indiano. Esta motoneta era muito barata em seu mercado de origem, extremamente popular, por isso não há refinamento em sua construção/acabamento, nada além de cumprir a missão de levar o máximo de carga do ponto A para o ponto B. Como a que tenho é oriunda de 11 anos de estocagem em condições não ideais, não posso afirmar que o que encontrei oxidado não seria igualmente visto numa Vespa, mas algumas peças me parecem um pouco mais suscetíveis à ferrugem do que seria de se esperar.
  • Banco de espuma. Com uma suspensão macia na frente e dura atrás, as imperfeições do piso são repassadas ao condutor com bastante intensidade. O banco, embora aparentemente confortável por ser largo, foi concebido como o de uma motocicleta moderna: alguns poucos centímetros de espuma injetada sobre uma base em plástico rígido. Abolir as molas do assento de uma Vespa deve ser um importante corte de custo para o fabricante, mas em nossas ruas esburacadas isso é fatal para a coluna de quem a pilota. Tanto é que na Índia, onde a buraqueira também é farta, muita gente troca o banco original pelo selim de mola, coisa que eu fiz pelo bom convívio das minhas vértebras.
  • Freio fraco. Não sei se ainda não encontrei a regulagem correta, mas é fato de que minha Bajaj Classic precisa de distâncias de frenagem consideravelmente superiores às de minha PX200.
Referência Bibliográfica
SARTI, Giorgio. 60 Years of The Vespa. St. Paul: Motorbooks, 2006.

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    13 comentários

    1. Verdadeiramente a Bajaj é melhior que a Vespa: a estructura é mais forte e ela foi feita pra travalhar. Sobre os freios (eu vejo que sua Classic tem a suspenção dianteira do tipo velho, mesmo que a minha): simplesmente deve-se acostumar à reacção da suspenção, mais os freios travalham bêm. Eu tenho uma Chetak (1991) e não troco ela por outra mais moderna. O porta-luvas da minha Bajaj é muito mais grande do que os porta-luvas das Classic... Lastima que a Bajaj não faz mais essas motonetas....

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      1. https://youtube.com/shorts/Crr0qRUHlaM?si=mXQz5jBJj3RomTOT

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    2. Olá Roberto!

      Acredito que a sua Chetak seja um pouco melhor construída que a Classic, inclusive pelo visual mais puramente Piaggio, principalmente no escudo.

      Sobre ela Bajaj ser "melhor que a Vespa", eu não concordo. Acho que a Bajaj tem um acabamento bem mais simples e algumas partes oxidam com mais facilidade. Independentemente disso, as Bajaj são scooters que podem ficar paradas por mais de um mês e pegar no primeiro kick, isso para mim vale muito. Além do que 4 milhões de indianos não a comprariam se de fato não fosse boa e ainda a celebrassem dizendo "hamara Bajaj".

      Se quiser enviar algumas fotos de você usando as suas motonetas, me envie por e-mail que terei prazer em publica-las aqui no blog: lwduenas at gmail.com.

      Abraço,
      Leo

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    3. ola.sou propietario de um triciclo bajaj ano 2000 conhecido como tuk tuk ultilizo ele aqui em salvador BA.e me sinto desamparado na parte de reposicao de pecas uma vez q nao sou a favor de adaptacoes e a representante KASINSKI deixa muitissimo a desejar. tenho conhecimento de 10 propietarios que passam pelo mesmo desconforto,gostaria se possivel obter enderecos e contatos de fornecedores de pecas de reposicao. desde ja fico grato.

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      1. Tudo bem? Eu tenho uma bajaj classic, estas de 1997 da Va, gostaria de adquirir um tuk tuk, como tu conseguiu importar?

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    4. Caro Alex, primeiramente seja muito bem vindo ao Motonetas e Afins. Tinha conhecimento de que a Kasinski havia importado Tuk Tuks para o Brasil, mas não sabia que eram fabricados pela Bajaj. Eu importo peças Bajaj diretamente da Índia, posso consultar meu fornecedor sobre os itens que esteja procurando. Fora isso sei que na Bolívia ou na Colômbia existe uma frota considerável destes triciclos, onde há facilidade em encontrar peças. Por favor me envie um e-mail, o endereço se encontra no meu perfil.

      Abraço,
      Leo

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      1. Leo, boa noite. Voce tem contato de fornecedores de peças para uma Bajaj Classic? Se puder entre em contato comigo no gibakwz@gmail.com

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      2. Léo, TB tenho um tuk tuk. Estou retomando e tenho muita dificuldade em achar peças. Mês passado mandei fazer o para-brisa pq estava a 5 anos procurando revenda e nada. Me passa seu e-mail. O meu é nelsonmathiasjr@hotmail.com. abraço

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      3. Olá Nelson!

        Esse artigo tem mais de 9 anos e de lá pra cá não tenho contatos que possam ajudar.

        Recomendo fortemente que localize no Facebook o grupo do Vespa Clube do Brasil é peça orientações por lá, pois sempre há bom retorno.

        Boa sorte com seu Bajaj!

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    5. Cao amigo
      sou um dos felizes proprietarios do lote de 1997, e ainda hoje me pergunto como foi que tive tal sorte.
      Minha classic até hoje praticamente nunca estragou, fora alguns ajustes e um cabo d embreagem nunca mesmo estragou.
      qando apos meses de inercia , basta por um pouco de gasolina nova e acionar no maximo 2 vezes o pedal, que ela prontamente funciona.
      É um veiculo feito para durar muito.
      nao vendo a minha nem mesmo por 10 mil dolares, e se a pessoa insistir fico bravo.
      abraços

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    6. Bom dia...
      Amigo sou um feliz proprietario de uma bajaj classic 150 ano 97 porem estou com umas duvidas gostaria de perguntar e ve se vcs poderiam me ajudar a minha não sai faisca nenhuma ja levei o estator para teste porem gostaria de saber se ela e 6 volts ou 12 volts pois comprei um cdi e acho que ele e 12 volts..
      obrigado abraços a todos

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    7. Olá Anônimo,

      A Bajaj Classic é 12V.

      Se o CDI que comprou funcionar nela por favor divulgue qual modelo, pois será de grande valia para outros proprietários de Bajaj no Brasil. Simplesmente não há peças de reposição para elas em nosso país, na melhor possibilidade acha-se algo no Uruguai ou na Colômbia.

      Abraço,
      Leo Dueñas

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    8. caros amigos, preciso de uma torneira de combustivel para a bajag classic 150, pois não consigo sequer adaptar um tanque de vespa, que é um centimetros mais largo.
      estou tentando adaptar um tanque de dream honda, mas não acho que vai prestar.
      me passem endereços de fornecedores, obrigado.
      Antonio Castro
      51 991381280
      castrox@ymail.com

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