Piaggio volta ao Brasil por mãos chinesas

julho 17, 2010


Muitos foram os boatos de que a Vespa voltaria a ser montada no Brasil, uma alternativa mais do que desejada mediante os preços infames praticados pelos parcos importadores tupiniquins. Não será dessa vez, infelizmente. Justamente na loja do importador carioca, em Botafogo, vi um tempo atrás uma Piaggio Fly 50 cc de perto. Até então para mim uma das coisas mais interessantes da marca de Pontedera era a fabricação italiana, mas no caso da Fly, até o manual era em Mandarim! O vendedor ainda proferiu a promessa deles importarem também a versão 4T da Fly 150 cc, mas ela não se cumpriu. 

A aritmética que se segue é simples que só ela: a Piaggio Fly é produzida na China pela Zongshen, a mesma que detém hoje no Brasil o controle da pseudo fabricante nacional de motocicletas Kasinski. Retire a empresa com mais consoantes da posição de atravessador e booom! A Kasinski montará a Piaggio Fly 150 cc no Brasil. Mais uma concorrente no já inchado segmento de scooters entre 110 e 150 cc, ignorando a  reiterada carência no mercado brasileiro destes veículos na faixa dos 250 cc.

Vale frisar que essa informação está correndo a mídia especializada, mas ainda não foi anunciada oficialmente no site da Kasinski. No caderno CARRO etc do Jornal O Globo dessa última quarta-feira, dia 14/07/2010, foi publicada uma nota um pouco ambígua ao não deixar claro se a Vespa LX estaria ou não na lista da Kasinski, mas em blogs e sites está especificado que a scooter que já está em testes no Brasil é mesmo a Piaggio Fly e nada além dela.


Para quem quer sentir um gostinho de Vespa na Fly, se prepare, pois ela não apresenta nenhuma característica  específica de sua irmã clássica: possui garfo convencional na dianteira e não é  monobloco de chapa estampada. Do que se pode destacar entre suas concorrentes nacionais, além do prestígio da marca Piaggio, há apenas o par de rodas de 12", interessantes para enfrentar a buraqueira. A Fly 150 cc aporta no país ainda carburada e com preço semelhante a concorrentes com injeção eletrônica, realmente terão de se valer do renome da Piaggio como diferencial.

Sonhemos em vão com uma originalmente italiana Vespa Granturismo 250ie ou, já abusando bastante,  com uma GTS 300ie Super. Suspiros de resignação em lembrar-me do que foi a Motovespa do Brasil emplacando a PX200 como o segundo veículo de duas rodas mais vendido do país em 1986*...

* Vendas totais no ano de 1986, dados da Abraciclo.

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4 comentários

  1. Ih, olha os Xing Ling invadindo o mercado.

    Abracos

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  2. É para mim um mistério difícil de deslindar, essa ausência Vespa de um mercado com o potencial do brasileiro... Por quanto tempo mais ?!??

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  3. Anderson, tenho a clara sensação que em pouquíssimos anos não haverá mais no mundo scooter que não seja chinesa. Talvez ainda algumas indianas e olhe lá.

    Vasco, também não sei explicar ao certo. Talvez falte um parceiro capitalista brasileiro, como houve no passado (vide a Motovespa do Brasil, só 45% era Piaggio). Ainda pode ser que as importadas já queimem o próprio mercado pelo preço exorbitante: uma GTS 250ie custa aqui cerca de 11.200 Euros (isso que o Real está tremendamente valorizado). O mesmo valor de um automóvel popular numa scooter 250 cc, realmente não dá para acreditar num mercado desses... De qualquer maneira a Piaggio "comeu mosca" toda a década de 2000, pois houve no Brasil um boom das scooters onde os produtos chineses, ou chineses pseudo japoneses nadaram de braçada. Nem mesmo os indianos da LML trouxeram suas Star para cá...

    Abraço,
    Leo

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  4. Bem que a CR Zongshen poderia tentar de novo com aqueles triciclos que a Kasinski chegou a importar da Índia. Pelo menos aqui no Rio Grande do Sul com a quantidade de triciclos utilitários de fabricação chinesa que eu tenho visto rodar, para não falar nas motos adaptadas, o mercado estaria garantido, e o modelo da Piaggio ainda tem a vantagem da cabine que protege o condutor tanto das intempéries quanto de eventuais ameaças à segurança como linhas de pipa com cerol, possibilitando até que o condutor dispense o capacete.

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